Memorial aos Mortos e Desaparecidos da Ditadura Militar
A premissa inicial do projeto parte de sua implantação no terreno, e de sua relação com a história da Ditadura Militar em São Paulo. Para entrar no edifício, é preciso primeiro adentrar a vala onde se esconde a história do regime. O projeto em sua maioria reside no subsolo da cidade, e marca a conexão oculta porém viva de São Paulo com o período repressivo brasileiro.
Entretanto da vala emerge um monolito, um marco na paisagem. A exposição se eleva. Nas entranhas da torre reside as histórias dos resistentes. O monolito está fora do eixo, inclinado em direção a sede da ROTA, uma representação tênue entre o enfrentamento a repressão e o desequilíbrio causado à democracia pelos repressores. Por fim, é a representação da instabilidade da democracia brasileira.
A exposição permanente se desenvolve de maneira semelhante a contextualização histórica apresentada neste trabalho, o visitante desce à base do monolito para que possa subir, e assim ir acompanhando todo o processo que leva ao golpe de 1964, os 21 anos de repressão e o período de redemocratização. No fim, o visitante se encontra no ponto mais alto do projeto, um mirante, de onde é possível ver as heranças da ditadura espalhadas pela cidade.
Aliada a exposição literal, baseada principalmente em seu acervo, o museu conta também com uma estrutura para uma exposição subjetiva, que busca acrescentar ao percurso do museu uma experiência sensorial.
Nela o visitante realiza um percurso constituído por quatro instalações: Exílio, Tortura, Desaparecimento e Morte. Cada instalação irá representar de maneira abstrata, os atos de repressão utilizados pela ditadura brasileira. Um percurso arquitetônico que busca engajar os corpos dos visitantes em uma experiência ativa, múltipla em seus significados e que por fim complemente a exposição literal adicionando mais uma faceta a estrutura expositiva do museu.
Em resultado da vala e entrelaçando todo o programa temos a praça, o ponto de conexão entre o museu, o CAAF e a cidade. Uma praça seca de característica cívica rodeada por paredes, onde o remanescente do terreno que não for escavado será reservado para áreas verdes, vegetadas em sua maioria por espécies caducifólias, que ao mudar das estações perdem suas folhas, gerando assim jardins quase escultóricos no outono e inverno e frondosos na primavera e verão.