Casa Rio Pardo
Essa casa toma como motivo de ser a própria cidade na qual está implantada: Águas de Santa Bárbara. Uma estância hidromineral no interior de São Paulo situada às margens do Rio Pardo. Dentro deste contexto a casa tenta, na escala do lote, replicar a logica de ocupação da própria cidade, um corpo d’água que cruza a paisagem e cortada pela construção, a cidade em pequeno.
Implantado em um terreno de 45 x 15 m, o edifício é constituído a partir de um bloco retangular longitudinal de 37,5 x 5,7 m posicionado de tal maneira a aproveitar o máximo de área verde voltada ao norte, garantindo também uma boa insolação na fachada. Enquanto este volume faz referência à casa colonial, através da geometria e do jogo de cheios e vazios, a materialidade utiliza dos tijolos e caixilharia em madeira para remeter aos signos da casa de campo brasileira.
A casa se configura em dois blocos, o social - com lavabo, salas de estar, jantar, cozinha e churrasqueira - e o privativo com lavanderia e quatro suítes consecutivas. Todos os ambientes se voltam ao jardim, amparados por pórticos que acompanham toda casa e traçam o limite entre o edifício e as áreas livres. Apesar da divisão, a casa se constitui enquanto ambiente fluido. Não apresenta uma porta de entrada principal, preferindo entretanto oferecer diversas aberturas que se voltam às áreas externas, dando liberdade ao percurso. Essa fluidez também é observada no corredor que dá acesso à área privativa, cujas esquadrias de abertura plena propiciam uma expansão da área de lazer, tornando difusos os limites entre interno e externo. Neste ponto que o corpo d’água projetado se estabelece, iniciando como espelho d’água, e se aprofundando como piscina na área de lazer. O elemento que faz a divisão entre setores concentra em seu ponto central o recebimento das águas pluviais, através de um cone de concreto que acumula a contribuição do escoamento da chuva na cobertura. Desta maneira, tanto o corpo d’água quanto o cone evocam neste espaço as relações que o edifício estabelece com o ciclo hidrológico.
O paisagismo, tal como a casa, considera as condicionantes locais em sua composição. Localizado no Centro Oeste Paulista, a região conta com fragmentos intercalados de mata atlântica e cerrado e, buscando valorizar essas características, o projeto adota espécies nativas de ambos os biomas. Soma-se à essa condicionante a setorização do jardim que se relaciona aos ambientes da residência, separado entre áreas mais comuns e de convívio, e espaços de privacidade e contemplação.
Deste modo, as áreas livres à noroeste, com predominância de capins e espécies do cerrado, são voltadas ao convívio do estar e da área gourmet, junto à piscina. Gradativamente, o jardim à leste dos dormitórios se configura como área de transição, oferecendo espaços comuns intercalados com nichos mais privativos, acompanhados de espécies que transicionam entre cerrado e mata atlântica.
Por fim, o jardim à sudeste da casa, se relaciona à área íntima, adotando caráter mais privativo e intimista, e exemplares predominantemente da mata atlântica.